Hoje ela acordou e não sentiu a preguiça características de todas as manhãs apesar das normais poucas horas de sono que se tinham sido cumpridas sem rigor. E acordou serena. Hoje ela não se importou com os escândalos políticos da televisão e sorriu com a propaganda do refrigerante estrangeiro.
Hoje ela não organizou o tempo e, no entanto, percebeu que tinha tempo pra tudo. Então, hoje ela leu o livro velho que havia sido encostado, em virtude dos afazeres mais importantes, e a esperava abandonado naquele mesmo lugar. E não se preocupou com a ligação que não fez, com a satisfação que não deu. Olhou fotos antigas, riu delas.
Hoje ela sentiu o sol e trocou a posição dos móveis. Escreveu cartas que nunca serão enviadas, mas ela espera respostas, mesmo assim. Hoje ela aprendeu uma palavra diferente e ficou pensando em que circunstância usar. E programou uma viagem, e desprogramou em seguida. Lembrou dos amigos distantes que ainda estão lá e lembrou o cheiro bom da sua casa de infância. Hoje ela não pensou nos seus erros e nas suas falhas e, não se puniu por isso.
Hoje ela parou pra perceber a fugacidade do tempo e a efemeridade das coisas e se sentiu pequena diante de tudo. Hoje ela recebeu um elogio e se sentiu bonita. Hoje ela fez a mesma rotina de todos os outros e porque prestava atenção nas pequenas coisas foi diferente de sempre. Porque hoje ela usou da felicidade como um estado de espírito e não como um status permanente. Se era feliz? Sim, hoje era.
Nenhum comentário:
Postar um comentário