terça-feira, 16 de agosto de 2011

Silêncio



"Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada."

       Essa passagem foi escrita pelo poeta russo Maiakovski, que cometeu suicídio após a revolução de Lenin. Escreveu ainda no século XX. Ridículo é que mesmo depois de um século nós ainda estamos tão desamparados, inertes e submetidos ao cumprimento da vontade de governantes moralmente carentes, que vampirizam o erário, ignoram as instituições e deixam a nós, CIDADÃOS, as migalhas e os restos pelos quais "deveríamos" nos interessar. Enquanto isso, podemos contentar-nos com o DIREITO de permanecer em silêncio, até porque a palavra, há muito se tornou inútil. "Por nos deixar respirar, por nos deixar existir... Deus lhe pague!"