Não, aquilo não era amor. Era um abraço quente em uma tarde fria, era uma boa música no som do carro, era uma saudade gostosa diante de uma viagem inesperada, era a morte premeditada da saudade no fim de semana próximo, era um sorvete de bombom, era um convite pra jantar. Não era amor...
Era andar enlaçado pela cintura, era uma ligação de madrugada, era a briga no começo da noite, era a reconciliação no final. Era o filme da tarde, era uma mensagem boba, era mais um mês terminado, outro começado, era a censura do vestido curto, era um beijo roubado. Não era amor...
Eram dois celulares desligados, era fervura, era a primeira, era a última, eram as fotos, eram os fatos, era a despedida, eram as cócegas, era o inabalável, era o elogio, era a espera, era o encontro, era a dúvida, era a necessidade, era o cotidiano, era o projeto da casa, era o acaso, era o propósito. Mas amor... Amor não era.
Era a fuga, era um ciúme torto, era uma risada gostosa, era um segredo no ouvido, era a memória, era um esforço pra esquecer, era a vontade de lembrar, era o fim, era o começo, era a promessa, era um ensaio, era o desgasto, era a espera, era a distância, era mais um, era a idéia. Não... Amor, não.
Era o descanso, era surpresa, era o desejo, era nada, era falta, era romance, era cinema, era o talvez, era o querer, era ternura, era pele, era colo, era mistério, era o mundo inteiro, era tragédia, era fingimento, era realidade, era adeus, era verdade, era brigadeiro de panela, era a dor, era o bem. Não era amor...
Era melhor.